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Crise de Burundi (2015-2018)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Crise de Burundi

Policiais de Burundi reprimindo manifestantes.
Período 26 de abril de 201520 de janeiro de 2020
Local Bujumbura, Burundi[1]
Causas
  • Proposta que permite que o atual presidente, Pierre Nkurunziza, possa concorrer a um terceiro mandato
  • Características
  • Protestos
  • manifestações
  • ciberativismo
  • repressão ao governo
  • Resultado
  • 600 manifestantes detidos
  • Pelo menos 200.000 refugiados criados[2]
  • Tentativa de golpe de estado em 13 de maio
  • Protestos continuam em Bujumbura
  • Batalhas irrompem no norte do Burundi
  • Participantes do conflito
  • FNL
  • CNDD-FDD
  • Militares de Burundi
  • Líderes
  • Agathon Rwasa[3]
  • Presidente Pierre Nkurunziza
  • Maj. Gen. Godefroid Niyombare
  • 1 700 civis mortos,[4]
    390 000 fugiram para o exílio[4]

    A Crise em Burundi foi uma série de transtornos políticos, militares e sociais que acontecem nesta nação africana. Começou em 25 de abril de 2015 quando o partido que ocupava o governo, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia – Forças de Defesa da Democracia (CNDD-FDD), anunciou que o presidente do país, Pierre Nkurunziza (no cargo desde 2005), concorreria a um terceiro mandato em 2015. A oposição iniciou então uma série de protestos afirmando que as ações do presidente eram inconstitucionais.[5]

    As demonstrações de oposição ao presidente Nkurunziza se espalharam pela capital, Bujumbura, e duraram pelo menos três semanas. Neste meio tempo, a Suprema Corte do país aprovou o direito de Nkurunziza a concorrer a um terceiro mandato,[6] apesar de pelo menos um juiz ter fugido para o exterior afirmando ter recebido ameaças de morte por parte de oficiais do governo.[7] Os protestos da oposição ganharam então mais intensidade, fechando as redes de comunicação do país, as universidades e prédios públicos. O governo passou então a chamar os manifestantes de "terroristas" e a repressão ficou mais violenta.[8] Para escapar da violência política crescente, milhares de pessoas começaram um êxodo do país. Centenas de opositores também foram detidos e muita gente morreu.[5]

    Em 13 de maio de 2015 deu-se o início de uma tentativa de golpe de Estado, liderada pelo major-general Godefroid Niyombare, enquanto o presidente Nkurunziza estava na Tanzânia atendendo a uma reunião de emergência sobre o estado do seu país. No dia seguinte a situação já teria se acalmado, com tropas do governo retomando o controle da capital e prendendo os líderes golpistas. A violência política, contudo, começou a ganhar mais intensidade.[9]

    De acordo com o Banco Mundial, Burundi é um dos países mais miseráveis da África, com 66,9% da população vivendo abaixo da linha da pobreza.[10] Corrupção e má gestão por parte do poder público também são comuns. A recente crise afetou a já enfraquecida economia e somada a tensões étnicas acabou atraindo as atenções da mídia internacional e de outros países e organizações, como a ONU.[11] A União Africana pediu para o país adiar as eleições, que foram marcadas para julho de 2015. Uganda e África do Sul fizeram pedidos similares, mas o governo burundiano se recusou e Nkurunziza ganhou o pleito, apesar de denúncias de irregularidades e repressão política.[12]

    O resultado das eleições presidenciais de julho de 2015 em Burundi irritou a oposição e também uma enorme parcela da população. A instabilidade política e social tomaram conta do país, com violentos confrontos entre forças leais ao presidente e manifestantes anti-Nkurunziza. Tensões sectárias também estavam crescendo, alimentando ainda mais a crise.[13]

    No começo de janeiro de 2016, mais de 439 pessoas já haviam morrido nos distúrbios que atingiram o país e outros 240 000 fugiram para buscar refúgio no exterior.[14]

    Referências

    1. «france 24 – At least one shot dead in fresh Burundi protests – France 24». France 24 
    2. «Burundi killings 'must stop': UN chief». AFP 
    3. Yahoo News. Uganda's president starts mediation role in Burundi unrest. "Ugandan President Yoweri Museveni met with representatives of the Burundi government and opposition leaders in the nation's capital, Bujumbura, late Tuesday. The talks are being attended by Agathon Rwasa, the most prominent opposition leader in Burundi.". [1]
    4. a b «"We Will Beat You to Correct You" Abuses Ahead of Burundi's Constitutional Referendum». Human Rights Watch. 18 de maio de 2018. Consultado em 20 de julho de 2020 
    5. a b «Burundi: Crackdown on Protesters – Human Rights Watch». hrw.org. Consultado em 17 de dezembro de 2015 
    6. «Urgent – La cour constitutionnelle se prononce pour une nouvelle candidature de Pierre Nkurunziza». iwacu-burundi.org. Consultado em 17 de dezembro de 2015 
    7. «Senior Burundi judge flees rather than approve president's candidacy». The Guardian. 5 de maio de 2015. Consultado em 17 de dezembro de 2015 
    8. «Burundi calls opposition protesters 'terrorists'». BBC. 2 de maio de 2015 
    9. "Army General in Burundi Says President Is Ousted". Associated Press, 13 de maio de 2015.
    10. "Burundi - Data - The World Bank". Página acessada em 17 de dezembro de 2015.
    11. "Crise no Burundi pode tomar dimensão étnica, avalia alto comissário". Página acessada em 17 de dezembro de 2015.
    12. «Man burned alive in Burundi protest against presidential bid». Reuters 
    13. "Death toll from day of clashes in Burundi capital rises to nearly 90". Página acessada em 17 de dezembro de 2015.
    14. «Burundi crisis: Amnesty claims evidence of 'mass graves'». BBC. 29 de janeiro de 2016. Consultado em 16 de setembro de 2016